A 12 de Fevereiro de 1809 nascia Charles Darwin, naturalista inglês que se notabilizou pela sua teoria da evolução através da selecção natural. Para Henrique Teotónio, investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência, “Devemos-lhe a compreensão de como é que estamos no mundo e como é que os organismos se relacionam entre si”. Segundo Carlos Fiolhais, professor de física e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, “a teoria da evolução é um grande estudo unificador na biologia, que permite explicar de uma maneira bastante simples a variedade e complexidade do mundo vivo. Acrescenta o mesmo físico: “O que o sábio inglês disse foi que pequenas causas fazem, ao longo de muitos e muitos anos, grandes efeitos. Foi assim que a partir de organismos primitivos chegamos à riqueza do mundo vivo actual”.
Darwin não inventou a ideia da evolução mas propôs uma teoria consistente sobre a forma como a evolução pode ocorrer unicamente através de forças naturais, dando aos cientistas liberdade para explorar a gloriosa complexidade da vida em vez de a aceitar simplesmente como mistério impenetrável (David Quammen in National Geographic – Fevereiro 2009).
Joel de Rosnay escreveu em “Os Caminhos da Vida” (1984): Numa certa medida, a revolução darwiniana é comparável à revolução coperniciana: a Terra não é mais o centro do mundo nem o homem o cume da criação. Das primeiras células até ao homem que hoje tenta repensar a sua própria evolução, as espécies vivas modificam-se sem cessar, adaptam-se ou desaparecem. Para Darwin, a variedade das espécies vivas explica-se pelo jogo de quatro factores determinantes: a capacidade dos seres vivos em reproduzirem-se e portanto a multiplicarem-se sem cessar; «variações espontâneas» (diríamos hoje mutações) que se produzem em certos indivíduos de uma mesma espécie, acrescendo assim a variedade dos seus caracteres; uma «luta pela vida» intervindo num meio de recursos limitados; a «selecção natural» que resulta do efeito de filtro do meio, e que conserva apenas os indivíduos melhor adaptados. Com efeito, «luta pela vida» significa que os seres vivos em evolução são permanentemente confrontados com situações que ameaçam a sua sobrevivência. Em consequência das «variações», alguns disporão de características ou de propriedades novas permitindo-lhes, por exemplo, obter uma vantagem em dadas situações. Só os sobreviventes gerarão descendentes capazes, por sua vez, de se manterem em vida em condições comparáveis. Os novos caracteres acham-se assim reforçados.
A sua importância é de tal forma assinalável que permitiu ao geneticista Theodosius Dobzhansky afirmar sem veleidades que “nada em biologia faz sentido, excepto à luz da evolução”.
50 anos após o seu nascimento, é publicada “A Origem das Espécies”, obra que celebrizou Charles Darwin, e desencadeia-se uma polémica sobre o papel da selecção natural na evolução e o desafio que a sua teoria apresentava à religião, moral e tradição social. É considerado o livro científico mais relevante alguma vez publicado. Passados 150 anos ainda é venerado e censurado. Infelizmente, poucos o leram realmente!
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