No dia do patrono, o Clube de Leitura e o de Música, este último orientado pelo professor Manuel Castro, apresentaram poemas de José Saramago, dando a conhecer à comunidade educativa um pouco da poesia do autor homenageado. Mais conhecido pelos seus romances, nomeadamente os de leitura obrigatória no 12º ano, "Memorial do convento " e "O Ano da morte de Ricardo Reis", José Saramago também escreveu poesia e publicou "Poemas Possíveis", em 1966.
A Sandra Ferreira introduziu e os colegas Andreia Cruz, Beatriz Guerra, Carolina Moreira, Daniel Costa, Diogo Moreira, Érica Soares, Inês Matos Neves, Mª Inês Braga, Mª Beatriz Fernandes e Samuel Pedrosa declamaram.
"Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma
pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José
de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o
funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse
acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia:
Saramago.
(Cabe esclarecer que saramago é uma planta
herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência,
serviam como alimento na cozinha dos pobres).
Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola
primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome
completo era José de Sousa Saramago… Não foi este, porém, o único problema de
identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo no dia 16
de Novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias
depois, a 18.
(contas feitas...teria feito 96 anos há 4 dias atrás)...
Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já
escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em
um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas
excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por
colegas e professores (...)
Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por
falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. A única alternativa
que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional, e assim
se fez: durante cinco anos aprendi o ofício de serralheiro mecânico.
Como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por
mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19
anos), foram os livros escolares de Português, que me abriram as portas para o
gosto literário: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época
distante.
Terminado o curso, trabalhei durante cerca de dois anos como
serralheiro mecânico numa oficina de reparação de automóveis. Também por essas
alturas tinha começado a frequentar, nos períodos noturnos de funcionamento,
uma biblioteca pública de Lisboa. E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas
guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela
leitura se desenvolveu e apurou.
(é bem de ver a importância das Bibliotecas, principalmente
das bibliotecas escolares!!!)
Da minha vasta obra, deixo uma colectânea poética intitulada "Os Poemas Possíveis" publicada em 1966.
É um “cheirinho” desta poesia que aqui vos deixo...
Processo
A
arte poética
O
Retrato de um poeta jovem
Oceanografia
A Ti
regresso, mar…
Não
me peçam razões…